A chuva histórica de abril e maio de 2024 causou a maior catástrofe climática do Brasil e foi a maior cheia nos últimos 83 anos, no estado. Os números e imagens desse evento climático, tanto no Rio Grande do Sul quanto no Vale do Taquari, são impressionantes. Aqui, nos dedicamos a analisar os dados registrados pela rede de estações meteorológicas do Tempo em Teutônia, bem como os dados da estação meteorológica do INMET e do pluviômetro automático do Cemaden, ambos localizados em Teutônia.

Nos meses de abril e maio (até o dia 13), os índices pluviométricos foram extraordinários, superando significativamente as marcas observadas na grande cheia de 1941. Naquele ano, a estação meteorológica mais próxima de Teutônia, localizada em Taquari, registrou 623,6 mm em 22 dias consecutivos de chuva. No evento de 2024, foram 17 dias de chuva, dos quais 8 dias tiveram pouca ou nenhuma precipitação. Mesmo assim, os volumes de chuva registrados foram impressionantes:
- 855,9 mm em Poço das Antas
- 767,0 mm na Linha Boa Vista
- 737,1 mm na Linha Wink
- 734,8 mm no bairro Teutônia (Cemaden)
- 678,5 mm no bairro Centro Administrativo
- 659,4 mm no bairro Languiru
Essas estações meteorológicas operaram sem falhas durante todo o período.
Infelizmente, algumas estações pararam de transmitir dados devido à falta de energia elétrica, mas ainda assim registraram volumes impressionantes durante o tempo em que funcionaram:
- 676,4 mm em Imigrante (sem dados entre 30/04 e 09/05)
- 537,2 mm na Lagoa da Harmonia (sem dados a partir do dia 12/05)
- 525,1 mm na Linha Welp (sem dados entre 30/04 e 04/05)
- 438,9 mm na Linha Pontes Filho (sem dados entre 30/04 e 06/05).
A estação meteorológica do INMET, em abril, registrou dados de precipitação abaixo do esperado, mas normalizou em maio, com um registro de 542 mm no período de 27/04 a 13/05.
Na grande enchente de 2000, a estação meteorológica do INMET registrou 351,7 mm, no mês de outrubro, e em setembro de 2023, na enchente que talvez já tenha superado a de 2000, foram registrados 443,2 mm.
Os valores acumulados de chuva em abril e maio destacam a magnitude deste evento:
- 1.029,9 mm em Poço das Antas
- 940,5 mm na Linha Boa Vista
- 927,6 mm em Imigrante (dados parciais)
- 885,7 mm na Linha Wink
- 884,4 mm no bairro Teutônia (Cemaden)
- 818,8 mm no bairro Centro Administrativo
- 802,3 mm no bairro Languiru
- 701,8 mm no bairro Teutônia (INMET) (dados parciais)
- 698,5 mm na Linha Welp (dados parciais)
- 687,6 mm na Lagoa da Harmonia
- 438,9 mm na Linha Pontes Filho (dados parciais)
Para entender a real dimensão deste evento, abaixo estão as médias normais de precipitação para abril e maio em Teutônia, segundo dados do INMET:
- Abril: 102,9 mm
- Maio: 135,5 mm
- Total: 238,4 mm
Em apenas 17 dias, a chuva foi quase 4 vezes superior à média dos dois meses. A média anual de chuva em Teutônia é de 1.693,6 mm (INMET). Em apenas dois meses, tivemos mais da metade da chuva de um ano inteiro.

Apesar dos números expressivos de precipitação e de o Arroio Boa Vista ter atingido sua maior enchente desde que se tem registros, Teutônia apresentou poucos problemas e foi uma das cidades menos afetadas no Vale do Taquari. Mesmo com o triste registro de três desaparecidos nas águas do Boa Vista, em Linha Clara, e das movimentações de terra em encostas, a cidade conseguiu minimizar os impactos da enchente graças à sua infraestrutura e planejamento urbano.
Teutônia praticamente não possui residências e negócios em áreas alagáveis, o que contribuiu significativamente para reduzir os danos causados pela enchente. Este evento ressalta a importância de manter essas áreas livres de construções para prevenir futuros problemas. Nos próximos anos, é provável que haja uma mudança demográfica no estado, com pessoas e negócios migrando das áreas atingidas pelas enchentes para locais que não foram afetados. Teutônia pode receber parte deste “êxodo” de pessoas e negócios e fica o alerta para que a administração municipal mantenha as áreas suscetíveis a enchentes livres de construções para garantir a segurança e o bem-estar da população. Também ficou evidente que há necessidade de equipar a cidade com botes e veículos 4×4 para salvamentos, além de uma cobrança do município para com o CEMADEN, tendo em vista que a estação hidrológica do Arroio Boa Vista, está sem funcionar a anos e poderia ter sido uma ferramenta muito importante durante este evento climático, uma vez que através dela poderia se fazer o monitoramento remoto do nível do arroio, inclusive através de imagens.